Localizado a 290 km da capital Santiago, a uma latitude de 35 ° Sul, se encontra uma das mais antigas e também diversificadas regiões vitivinícolas do Chile, tanto em termos geográficos quanto climáticos. Sem dúvidas, um lugar privilegiado!
Sendo uma das áreas vitivinícolas mais meridionais do Chile, o Vale de Maule é ligeiramente mais fria do que suas primas do norte ( Curicó, Colchagua, Cachapoal e Maipo) possuindo também maior incidência de chuvas, as quais em sua grande maioria ocorrem no inverno. Apesar de ser mais frio, a intensidade do sol na região é alta e o Maule desfruta de dias quentes seguidos de noites frias, prolongando a estação de crescimento e levando a um equilíbrio de maturação e acidez das uvas.
Os efeitos moderadores da temperatura vêm em grande parte em forma de ventos frescos que descem da Cordilheira dos Andes e também do rio Maule, que flui de leste a oeste pela região em seu caminho para o Oceano Pacífico. O rio fornece a Maule seus tipos de solo aluvial; os quais diferem consideravelmente em toda a região e incluem granito, argila vermelha, argila e cascalho. Os solos são de drenagem livre onde os vinhedos ficam nas encostas das colinas circundantes, e são mais férteis e de alto rendimento no fundo do vale ao longo das margens do rio. Muitos dos vinhedos de Maule são cultivados em sequeiro ( sem qualquer tipo de sistema de irrigação) para aumentar a intensidade das uvas - uma videira com fome de água produzirá safras mais baixas de uvas altamente concentradas.
Sub regiões do Vale de Maule
Por ser uma vasta região ( a maior região vinícola Chilena), uma grande diversidade de Terroirs pode ser encontrada por aqui. Vale destacar duas das principais sub regiões locais.
Vale do Cauquenes
A área como um todo é fresca, ensolarada e com variação de temperatura diurna suficiente para que as vinhas tenham um bom desempenho e produzam frutos com nítido caráter varietal. Ela pode ser dividida em subzonas: a entrada do vale é relativamente quente e se adapta às variedades de uvas vermelhas Bordeaux, como Cabernet Sauvignon; o interior mais seco é uma área de foco para o ressurgimento na Carignan chilena, enquanto o extremo sul está ainda mais perto da costa e se adapta bem a Chardonnay, embora ainda seja quente o suficiente para Merlot. Outras variedades de uvas cultivadas em toda a região incluem Garnacha (Grenache), Tempranillo e Pais (Mission).
Os solos da região têm um caráter bastante diverso, com algumas zonas à base de argila e outras zonas de pedra-pomes vulcânica. Também existe uma diversidade na topografia, aspecto e gradiente.
Loncomilla
Localizada no centro do Vale de Maule, ao redor das cidades de San Javier e Villa Alegre, se encontra a sub área de Loncomilla .
O vale circunda o rio Loncomilla, um afluente do sul do rio Maule, que é uma característica geográfica dominante em toda a região. A maioria dos vinhedos de Loncomilla fica em terreno razoavelmente plano que circunda o rio, onde os solos (principalmente aluviais e argilosos) são férteis e podem produzir altos rendimentos. Mais ligeiramente no alto do vale estão as áreas mais montanhosas, onde bolsões de solos de drenagem livre são compostos principalmente de cascalho e granito decomposto. Nestes solos mais pobres e secos, as vinhas são forçadas a desenvolver raízes profundas para encontrar água e nutrientes e, assim, produzir uvas de maior qualidade.
Loncomilla fica a cerca de 80 quilômetros do Oceano Pacífico e de sua corrente fria de Humboldt. As brisas frescas que vêm do oceano são levadas para o Vale do Loncomilla no final da tarde, o que significa que as uvas se beneficiam de um período de resfriamento durante a noite. Isso estende o período de amadurecimento e permite que as uvas atinjam a maturação fenólica completa.
As variedades de Bordeaux abundam em Loncomilla, com Cabernet Sauvignon, Merlot, Sauvignon Blanc e Carmenere, todas com destaque nos vinhedos. Chardonnay e Carignan também são produzidos na região.
Tradição e Inovação
O Vale do Maule foi uma das primeiras áreas no Chile a ser plantada com videira, e sua história vitícola remonta ao início da colonização pelos espanhóis. A região foi há muito tempo um dos distritos de produção de vinho a granel de maior sucesso, com uma grande quantidade de vinhedos da Tradicional Casta Pais, produzindo vinhos muitas vezes de qualidade duvidosa.
Nos últimos 25 anos, porém, os vinhateiros de Maule fizeram uma renovação na viticultura local. Análise de Solos, seleção de novas variedades, clones e técnicas e viticultura modernas. Ao mesmo tempo que grandes investimentos estrangeiros em projetos vitícolas modernos apareceram, fazendo o Maule alcançar uma posição de destaque no cenário Vitícola Chileno.
Apesar desse impulso em direção à modernidade, alguns dos melhores retrocessos de Maule sobreviveram - a região está rapidamente se tornando conhecida por seus vinhos a base de antigas vinhas Carignan (muitas com mais de 70 anos ) além de seus tradicionais vinhedos de pais, os quais estão sendo usadas para produzir agora vinhos tintos de qualidade.
Castas internacionais como Cabernet Sauvignon, Carmenere, Malbec, Cinsault, Muscat , Semillon. também fazem muito sucesso na região.
Dentre os produtores de destaque da região, podemos destacar J. Bouchon ( com destaque a sua linha granito Semillon, a qual garantiu 98 pontos do crítico Tim Atkin, além das - Bodegas Re - Garage Wines - Vina Gillmore entre tantas outras vinícolas.
Projeto VIGNO ( Vinheteiros de Carignan )
Por 400 anos ou mais, os muitos pequenos agricultores de subsistência da região do Maule ganharam a vida com uvas e azeitonas e criaram algumas ovelhas e cabras. Os vinhedos com suas vinhas velhas e de baixo rendimento e técnicas de viticultura tradicionais passaram de geração em geração. Todavia um desinteresse crescente pela pratica da viticultura local estava crescendo.
Assim, à medida que as gerações mais velhas envelheciam para cultivar a terra, as gerações mais novas tomaram progressivamente a decisão de se mudar para as áreas urbanas e assim muitos vinhedos antigos do Vale foram ficando ociosos ou foram totalmente perdidos.
Por muitos anos também, produtores de vinho do Maule, inspirados pelas demais regiões, buscavam variedades internacionais de alto rendimento afim de produzir os vinhos da moda que os mercados de exportação tanto exigiam
.Foi na década de 1990 que vários produtores, perceberam que alguns vinhos muito interessantes podiam ser produzidos a partir de algumas destas vinhas velhas de baixo rendimento, em particular da variedade Carignan.
Foi então que Andrés Sánchez, o enólogo da adega Gillmore teve a ideia inicial de constituir uma associação com o objectivo de salvaguardar as restantes vinhas velhas de Carignan e o know-how vitícola dos produtores locais. Ele e o jornalista Eduardo Breithauer divulgaram a ideia entre outros produtores de vinho e, após muita discussão, Vigno nasceu em 2010.
Quais são as regras para rotular um vinho Vigno?
O vinho deve atender às seguintes características:
As uvas devem ser provenientes de vinhas de cultivo seco, gobelet ou arbusto treinado, com pelo menos 30 anos de idade e localizadas na área conhecida como Maule Secano;
70% ou mais da mistura deve ser Carignan e as outras uvas devem atender aos mesmos critérios que as uvas Carignan;
O vinho deve ser envelhecido por um período mínimo de dois anos.
A palavra “Vigno” com sua fonte definida deve estar em destaque no rótulo
O rótulo não pode incluir os termos “Reserva” ou “Gran Reserva”, mas pode indicar “Vinhas Velhas” e / ou “Agricultura a seco”.
Uma marca compartilhada
Os produtores da Vigno desenvolveram uma marca, que usam no rótulo de seus produtos, junto com sua própria marca corporativa e compartilharam campanhas de marketing, incluindo um site da Vigno, um folheto e um estande da Vigno em feiras de vinho. Dado que se trata de produções necessariamente em pequena escala, a união de forças para o marketing faz sentido financeiro e ajuda a fortalecer a imagem internacionalmente.
