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Castas Regionais Portuguesas: Uvas Brancas

Atualizado: 12 de abr. de 2021


As muitas castas portuguesas e os seus inúmeros sinônimos regionais são a ruína dos profissionais estudiosos e enófilos de plantão. No geral, cerca de 250 variedades (entre tintas e brancas) são consideradas nativas do país, um número realmente surpreendente, levando-se em conta o tamanho do território Português.


Algumas variedades são endêmicas de Portugal (por exemplo, a variedade de uva branca Bical), enquanto outros são compartilhados com a vizinha Espanha (por exemplo, a variedade branca Alvarinho/ Albarino).


O Relatório da OIV "Distribuição das Castas do Mundo" (2017) listou as dez variedades principais de Portugal por área de vinha estimada da seguinte forma:


1.Tinta Roriz/ Aragonês (Tempranillo)

Tinto: 18.000 hectares ( 9% do total de vinhedos, tendência de aumento)

2.Touriga Franca

Tinto: 15.000ha (7,5% )

3.Castelão

Tinto: 13.000ha (6,5%)

4.Fernão Pires

Branco: 13.000ha (6,5%)

5.Touriga Nacional

Tinto: 12.000ha (6%)

6.Trincadeira

Tinto: 11.000ha (5,5%)

7.Baga

Tinto: 7.000ha (3,5%)

8.Siria (Roupeiro)

Branco: 7.000ha (3,5%)

9.Arinto (Pederna)

Branco: 6.000ha (3%)

10.Syrah

Tinto: 6.000ha (3%)


A diversidade de variedades é demonstrada pela participação de 45,7% de "Outras variedades"


A lista abaixo nos trás as 15 principais variedades de uvas brancas difundidas em Portugal, além de uma analise detalhada das principais regiões de ocorrência destas castas, estilos produzidos e produtores destacados.


E calma. Se sua uva predileta não esta na lista. Ela pode entrar no próximo post da serie. são mais de 25O variedades diferentes, lembra?





Alvarinho

Alvarinho Albariño ou Alvarinho é uma variedade de uva de vinho branco cultivada na Galicia (noroeste da Espanha) e noroeste de Portugal. Em Portugal, às vezes também conhecida como Cainho Branco. Presumivelmente, foi trazida para a Península Ibérica por monges no século XII, mas estudos recentes apontam para a Alvarinho sendo nativo da Galicia - Portugal. Tanto o nome galego "Albariño" quanto o nome português "Alvarinho" derivam de albo <albus, que significa "branco, esbranquiçado". Foi localmente considerado um clone de Riesling originário da região da Alsácia na França, embora os primeiros registros conhecidos de Riesling como uma variedade de uva datem do século 15, e não do século 21 .Também é teorizado que a uva é um parente próximo da uva francesa Petit Manseng.

Estilo: A Alvarinho é conhecida por seu aroma botânico distinto com um tom cítrico, muito semelhante ao de Viognier, Gewurztraminer e Petit Manseng, O Alvarinho proporciona vinhos com elevado potencial alcoólico, perfumados e delicados, com notas aromáticas díspares de pêssego, limão, maracujá, lichia, casca de laranja, jasmim, flor de laranjeira e erva-cidreira, alem dos melhores exemplarem possuirem uma característica mineral distinta. Tem um enorme potencial de envelhecimento, conseguindo viver em perfeita saúde até completar, pelo menos, dez anos de idade.

  • Principais Regiões de Produção: Vinho Verde DOC ( Monção e Melgaço)*

  • Produtores destacados: Anselmo Mendes (92) - Quinta do Soalheiro (90) - Palácio de Monção (90) - Avelada


Arinto (Pederna - Arinto de Bucelas - Arinto Galego)

*Variedade Autóctone

É uma casta versátil, presente na maioria das regiões vitícolas portuguesas, sendo reconhecida pelo nome Pedernã na região dos Vinhos Verdes.

Se em Bucelas a casta atinge o zênite, é no Alentejo e Ribatejo que a sua assistência é mais frutuosa, pelo aporte de acidez tão indispensável e difícil de obter. Apresenta cachos de tamanho médio, compactos e com bagos pequenos.

Estilo: É uma casta relativamente discreta, sem aspirações particulares de exuberância, privilegiando os apontamentos de maçã verde, lima e limão. Proporciona vinhos vibrantes e de acidez viva, refrescantes e com forte pendência mineral, e elevado potencial de guarda. A acidez firme é o principal cartão-de-visita da casta Arinto, garantindo-lhe a fama de casta "melhorante" para vinhos de corte, em muitas regiões portuguesas

  • Principais Regiões de Produção: Bucelas DOC* - Vinho Verde DOC - Beiras IGP - Alentejo DOC

  • Produtores destacados: Poco do Lobo Beiras (90) - Quinta da Romeira Bucelas (90) - Quinta de Covela Vinho Verde (89) - Herdade de São Miguel Alentejo (89)


Antão Vaz

*Variedade Autóctone

Antão Vaz é uma das principais variedades de uvas de vinho branco de Portugal. Cultivado principalmente na região quente e seca do Alentejo, é normalmente utilizado na produção de vinhos varietais, que exalam sabores de frutas tropicais maduras com notas cítricas e mel. A variedade é particularmente útil para os produtores locais, sendo ideal para o terroir quente e seco do Alentejo. Os bagos de Antão Vaz são fracamente agrupados e de casca grossa, o que lhes confere boa resistência a doenças, e também são capazes de lidar com condições semelhantes às da seca.

Estilo: À semelhança do Chardonnay, o Antão Vaz é uma casta versátil, apresentando uma vasta gama de estilos de vinhos. A maioria é produzida para consumo imediato, mas alguns dos melhores exemplos podem ser envelhecidos por vários anos para permitir que os caracteres da fruta evoluam.Embora os vinhos Antão Vaz sejam habitualmente varietais, beneficiam frequentemente da adição de outras castas locais, nomeadamente Roupeiro e Arinto, as quais adicionam maior acidez ao corte. O Antão Vaz também é frequentemente utilizado na produção de vinho do Porto Branco

  • Principais Regiões de Produção: Alentejo DOC - Porto

  • Produtores destacados: Herdade do Rocim Alentejo (89) - Quinta do Quetzal Alentejo (89) - Fita Preta Alentejo (89) - Paulo Laureano Alentejo (89) - Esporao (89)


Bical (Borrado das Moscas)

*Variedade Autóctone

Especialmente presente na região das Beiras, nas denominações da Bairrada e Dão (onde por vezes ainda é designada por "Borrado das Moscas"), é uma casta muito precoce, de elevado potencial alcoólico, embora, por vezes, levemente deficitária no equilíbrio da acidez. Apesar de muito resistente à podridão, é peculiarmente sensível ao oídio. Os vinhos resultantes são especialmente macios e aromáticos, frescos e bem estruturados. As notas de pêssego e alperce são os traços aromáticos mais distintivos, acompanhadas por vezes, e nos anos mais maduros, por discretas e sensuais notas de fruta tropical. A casta apresenta excelentes resultados quando estagiada em madeira, sobretudo quando em contacto prolongado com as borras. Na Bairrada a casta Bical é muito utilizada na produção de espumante, sendo frequentemente associada nos lotes com as castas Arinto e Cercial.

Estilo: As notas de pêssego são os traços aromáticos mais distintivos, acompanhadas por vezes, por discretas e notas de fruta tropical. A casta apresenta excelentes resultados quando estagiada em madeira, sobretudo quando em contacto prolongado com as borras. Na Bairrada a casta Bical é muito utilizada na produção de espumante, sendo frequentemente associada nos cortes com as castas Arinto e Cercial.

  • Principais Regiões de Produção: Bairrada DOC - Beiras IGP

  • Produtores destacados: Felipa Pato Bairrada* (91) - Luiz Pato Beiras (90) - Campolargo - Quinta do Encontro


Fernão Pires (Maria Gomes)

*Variedade Autóctone

É uma das castas brancas mais plantadas em Portugal. A produtividade elevada, bem como a versatilidade e riqueza em compostos aromáticos, ajudam a explicar a popularidade. A casta adapta-se melhor aos climas quentes do centro e sul de Portugal, nomeadamente no Ribatejo, Lisboa e na Barraida, onde atende pelo nome de Maria Gomes. Fernão Pires pode fornecer rendimentos generosos e muitas vezes precisa de ser controlada para evitar a superprodução. A videira é suscetível à geada e não é adequada para áreas mais frias.

Estilo: Por regra, os vinhos de Fernão Pires devem ser bebidos jovens, além da grande maioria de seus vinhos ser normalmente utilizada em Blends, especialmente com a casta Arinto. .Os descritores aromáticos que lhe estão associados alternam entre a lima, limão, ervas aromáticas, rosa, tangerina e laranjeira. Por ser uma casta muito plástica é utilizada igualmente na produção de espumantes e de vinhos de colheita tardia. Para além de Portugal, a casta Fernão Pires tem sido plantada com algum sucesso na África do Sul e Austrália.

  • Principais Regiões de Produção: Tejo DOC - Lisboa DOC - Bairrada DOC

  • Produtores destacados: Casca Wines Tejo (90) - Quinta do Casal Branco Tejo (90) - Quinta da Boa Esperanca Lisboa (89) - Luiz Pato Beiras (89)


Loureiro

*Variedade Autóctone

Apesar de estar hoje amplamente disseminada pela região do Vinho Verde, aparenta ser originária do vale do rio Lima, local onde atinge a plenitude. É uma variedade muito fértil e produtiva que só recentemente assumiu o papel de casta nobre. Também é cultivado em pequenas quantidades na Galiza, do outro lado da fronteira com a Espanha, ao norte, onde é chamada de Loureira e é usada nos vinhos brancos de Rias Baixas, Estudos genéticos sugerem que esta é uma variedade de uva antiga, e referências documentais podem ser encontradas que datam do final do século XVIII.

Estilo: Apropriadamente, a flor de Loureiro é um dos seus principais descritores aromáticos, caracterizando-se ainda pela personalidade floral particularmente cristalina, com ênfase na flor de laranjeira, acácia e tília, sendo as notas de maçã e pêssego relativamente comuns nos vinhos estremes. Por regra consagra vinhos de acidez equilibrada e bem proporcionada. Se hoje é frequente espreitá-la em vinhos estremes, a tradição confere destaque aos lotes com a casta Trajadura ou, mais amiúde, com as castas Arinto (Pedernã) e Alvarinho.

  • Principais Regiões de Portugal: Vinho Verde DOC - Minho IGP

  • Produtores destacados: Quinta do Ameal Vinho Verde (90) - Quinta do Santiago (89) - Anselmo Mendes (89)


Malmsey (Malvasia)

Não Confundir com Malvasia Fina (Boal). Malvasia é uma antiga família de uvas que inclui uma coleção diversificada de castas nobres. Existem dezenas de sinônimos regionais e subvariedades de Malvasia, pintando o retrato de uma família viajada que se adaptou a vários ambientes. No século 21, a Malvasia é produzida na Itália, Espanha, Portugal, Grécia, Croácia, Eslovênia e Estados Unidos. Pensa-se que é de origem grega, a família Malvasia tem sido comercialmente importante para o Mediterrâneo há mais de 2.000 anos.


Estilo: A Malvasia tem uma forte associação histórica com o vinho Malmsey, o qual é feito a partir de vários membros do grupo Malvasia na ilha portuguesa da Madeira, no Atlântico Norte. Malmsey é uma expressão varietal de Malvasia que é aquecida e oxidada após a fermentação para criar um estilo único de vinho. Caracteriza-se pela sua coloração escura (dependendo do tipo de Malvasia utilizado) e sabores ricos, maduros e a frutos secos. Noutras partes de Portugal, pelo menos uma dezena de sub-variedades de Malvasia são cultivadas no Douro, onde são por vezes utilizadas na produção de Vinho do Porto Branco.

  • Principais Regiões de Portugal: Madeira DOC - Porto

  • Produtores destacados: Barbeito Madeira (94) - Blandys Madeira (93) - Justinos - Henriques e Henriques


Outras Variedades Brancas

Boal (Malvasia Fina): Também referida como Malvasia Fina nos documentos oficiais, NÃO está relacionado com a família Malvasia. Este nome também é usado por alguns produtores no continente português, que utilizam algumas variações de nome. O mais famoso deles é o Bual Branco (também conhecido como Boal Cachudo) A uva já foi muito utilizada nos vinhos Madeira Bual, mas agora é muito rara. Quando a recém-renomeada União Européia introduziu leis de rotulagem de vinho mais rigorosas em 1993, incluiu estipulações de que qualquer vinho com rótulo varietal deve conter pelo menos 85% da uva declarada. Em vez de desencadear uma enxurrada de novas plantações de vinha Bual, o resultado foi uma diminuição do número de vinhos Boal provenientes da Madeira.


Gouveio: Encontrada em várias partes de Portugal, com maior destaque no Vale do Douro e mais recentemente no Alentejo. É utilizado para fazer vinhos secos e como ingrediente do Porto Branco. As uvas Gouveio produzem vinhos frescos e vivos, com boa acidez e bastante corpo. Os aromas definidores são os cítricos (lima fresca é particularmente proeminente em vinhos de locais mais frios), complementados por notas sutis de fruta-pedra e um ocasional aroma picante de anis. Envelhece bem em garrafa. A variedade tem um amadurecimento relativamente precoce. Sensível a doenças fúngicas como o oídio, o Gouveio prospera apenas em locais quentes, secos e bem ventilados, o que explica porque se encontra principalmente nas zonas mais continentais do interior de Portugal.


Rabigato: De origem duriense, estende-se por todo o Douro Superior. Por erro, no passado foi relacionada com a casta Rabo de Ovelha, variedade com a qual não aparenta qualquer semelhança. Casta promissora no Douro, oferece notas aromáticas de acácia e flor de laranjeira, sensações vegetais e, tradicionalmente, uma mineralidade atrevida. É a boca, porém, que justifica a sua reputação, com uma acidez mordaz e penetrante, capaz de rejuvenescer os brancos do Douro Superior.


Roupeiro (Síria): Variedade de uva de pele clara, cultivada em todo o território nacional, sob diversos aspectos regionais.Se expressa melhor nos locais elevados em redor de Pinhel, na região das Beiras, mas também produz vinhos muito bons no DOC do sul do Alentejo, onde é conhecida como Roupeiro e Alva. Feitos para serem bebidos Jovens, seus vinhos exibem sabores cítricos e fruta-pedra com uma agradável elevação aromática.


Sercial: (não confundir com Cerceal) é uma casta portuguesa de casca clara, cada vez mais rara e agora plantada quase exclusivamente na ilha vulcânica da Madeira. Foi sugerido que é a mesma variedade que Esgana Cão, que ainda é cultivada e usada no continente.Os vinhos de série situam-se no extremo mais leve do espectro da Madeira em termos de peso na boca. São mais frescos do que os do Verdelho. Sua estrutura de ácido forte os torna mais lentos para envelhecer e se desenvolver. Com o tempo, Sercial de boa qualidade desenvolve aromas de nozes e amêndoas e um final muito seco. Mantém a sua acidez característica até à idade avançada e irá melhorar na garrafa durante meio século ou mais.


Trajadura: (também conhecida como Treixadura) é uma das principais variedades de uvas encontradas nos vinhos verdes frescos de Portugal. Comumente combinado com Loureiro, Alvarinho (Albarino) e Arinto, o Trajadura acrescenta corpo e álcool a estes vinhos, bem como caracteres cítricos crocantes com alguma fruta-caroço e maçã. A casta também é cada vez mais utilizada para fazer vinhos de alta qualidade.


Verdelho: É uma das variedades elementares da Madeira, responsável pelo sucesso dos vinhos generosos do mesmo nome, apesar de, curiosamente, só no início do século passado ter sido elevada à condição de casta nobre. Num passado remoto, antes do surto de filoxera na ilha, chegou a ocupar mais de dois terços da área total de vinha na ilha da Madeira. Floresce na costa norte da ilha, a altitudes elevadas, oferecendo uvas com acidez notável e açúcar razoável, utilizadas para os vinhos secos fortificados. É nas ilhas, na Madeira e Açores, que a casta efetivamente prospera, a par da Austrália onde ganhou forte reputação internacional. O Verdelho proporciona vinhos aromáticos e equilibrados, apresentando-se, nos vinhos generosos da Madeira, sob o estatuto de vinho meio seco.


Viosinho: Viosinho é uma variedade de uva de uva de alta qualidade do nordeste de Portugal. É encontrada em vinhas das regiões do Douro e Trás-os-Montes desde o século XIX. Normalmente produzido como um vinho varietal, principalmente devido ao fato de ser mais comumente plantado em fileiras mistas ao lado de outras variedades de vinho branco. É normalmente utilizado em portos brancos e, cada vez mais, em vinhos brancos combinados. A casta dá origem a um vinho encorpado que confere estrutura e acidez ao blend. Seus vinhos são frequentemente descritos como tendo notas de damasco e pêssego, juntamente com sabores florais e minerais.


Ficou faltando a analise de alguma variedade? Fala nos comentários.

E se puder, comenta e compartilha essa lista com aquele seu amigo/a que ama vinhos portugueses! Ele/a vai adorar.



Fontes:

Oxford Wine Companion. Robinson. Jancis

World Atlas of Wine. Robinson. James


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